Série especial – Jogos ao Redor do Mundo – Go

Série especial – Jogos ao Redor do Mundo – Go

Talvez um dos jogos com os registros mais antigos já trazidos pela série especial da Gamegesis, “Jogos ao Redor do Mundo”, o Go foi citado pela primeira vez no importantíssimo livro chinês Zuo Zhuan, que compreende textos e narrativas sobre os costumes chineses entre 722 e 468 A.E.C e foca principalmente em temas políticos, diplomáticos e militares da época. O Go também é mencionado no livro Analectos, do célebre filósofo Confúcio, escrito entre 475-221 E.A.C. 

Segundo uma lenda chinesa, o jogo foi desenvolvido pelo imperador Yao (2337–2258 E.A.C) para influenciar positivamente o seu filho irresponsável Danzhu,. Outras histórias dizem que os generais chineses o criaram para mapear posições estratégicas de batalha.

Atualmente, o Go é jogado num tabuleiro 19×19, mas registros arqueológicos apontam que na antiguidade ele era jogado num tabuleiro 17×17. Na China, o Go era uma das quatro artes exigidas para ser um cavalheiro erudito chinês, que eram os funcionários do governo ou estudiosos de prestígio.  As outras artes eram a caligrafia, pintura e tocar o guqin (instrumento musical). 

O Go se espalhou para a Coreia entre os séculos V e VII E.C e era muito popular entre a nobreza, mas lá o nome dele era Baduk.  Séculos depois, uma nova variante foi criada e chamada de Sunjang Baduk,  variação que foi jogada até o final do século XIX. Já no Japão, o jogo chegou por volta do século VII E.C, com o nome de Go ou Igo, também se espalhou primeiro entre a classe alta e somente no século XIII foi se popularizar entre as classes mais baixas. O jogo se tornou tão importante no Japão que um título governamental foi atribuído ao melhor jogador de Go do país, o Godokoro (Ministro do Go).

Nessa época, escolas de prestígio voltadas para o ensino de Go foram criadas no Japão, elevando o nível do jogo e das classificações e regras do mesmo. Hon’inbō, Yasui, Inoue e Hayashi eram as quatro escolas de Go mais populares e os jogos anuais eram disputados na presença do Shogun, título dos ditadores militares do Japão durante a maior parte do período que vai de 1185 a 1868.

A popularização para o Ocidente demorou para acontecer: foi somente em 1935 que a American Go Association foi criada nos Estados Unidos, mas, devido à Segunda Guerra Mundial, a popularização geral do jogo foi interrompida. Após a guerra, o jogo voltou a ser muito comum tanto entre as pessoas, quanto para as instituições de ensino. Em 1996, astronautas da NASA jogaram Go no espaço, usando um conjunto especial, conhecido como Go Space.

Jogabilidade

No Go, as peças não são movimentadas após o seu posicionamento.  Ainda assim, o jogo passa uma sensação de fluidez pelas peças que são acrescentadas em cada rodada. O objetivo do jogo não é a captura de pedras adversárias, mas o de conquistar a maior parte do território com as suas peças. Entretanto, capturar as pedras do oponente é possível.

Assim como o Gomoku e outros jogos orientais de tabuleiro, as peças são posicionadas nas intersecções das linhas e não dentro dos quadrados. Os quatro pontos de intersecção que rodeiam uma pedra são chamados de “liberdades”. Se uma ou mais peças são completamente cercadas pelas pedras do adversário, elas são capturadas por ele.

O Go só pode ser jogado por duas pessoas que são representantes das pedras pretas ou brancas, sendo que as pretas sempre começam o jogo. A partida continua até que ambos os jogadores decidam que não precisam fazer mais nenhum movimento. As possibilidades de jogadas somam um valor maior do que a quantidade de átomos do universo observável, por isso especialistas afirmam que um jogo de Go jamais poderá ser repetido.

Para determinar quem conquistou mais territórios e, por consequência, ganhou o jogo, é utilizado um sistema de pontuação que é acordado pelos participantes antes da partida começar. Existem dois tipos: a pontuação de área e a de território. 

  • De área: a pontuação de um jogador é o número de pedras que ele tem no tabuleiro, somadas ao número de cruzamentos vazios rodeados pelas pedras daquele jogador.
  • De território: as pedras capturadas dos adversários são chamadas de prisioneiras. A pontuação é o número de pontos vazios contidos nas pedras de um jogador, mais o número de prisioneiros capturados por ele. 

Confira no vídeo abaixo, mais explicações sobre o funcionamento do jogo:

Nos torneios profissionais de Go, algumas regras também podem ser inferidas, tais como:

  • pontos de compensação: chamados de komi, eles compensam o segundo jogador, pedras brancas, pela vantagem de primeiro movimento das pedras pretas; geralmente a compensação fica na faixa de 5 a 8 pontos;
  • superko: assim como explicado no vídeo, o superko impede que as jogadas infinitas ocorram, obrigando que o participante jogue uma pedra numa posição diferente.

O Go é um importante jogo da cultura oriental e possui classificações semelhantes às das faixas das artes marciais. O que não é surpresa, visto que desde a antiguidade esse jogo é praticado e muito valorizado num sentido clássico, tendo no passado títulos de nobreza para aquele que era considerado o maior jogador do país. Ainda hoje, há a presença de diversos torneios de Go muito organizados e prestigiados na região do Oriente Distante.

Se você se interessou pelo Go, mas não tem condições de comprar um tabuleiro com as pedras, basta fazer como no Gomoku: desenhe um tabuleiro numa cartolina e use botões no lugar das pedras. Depois disso é só ter muita concentração e paciência! Vamos jogar!

A nossa série especial sobre os Jogos ao Redor do Mundo está apenas começando, continue nos acompanhando para não perder nenhum texto novo! Para te ajudar a lembrar, siga o nosso Instagram ou Twitter: @gamegesis! Até a próxima!

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